quarta-feira, 4 de junho de 2008


Durante dois dias (15 e 16 de Maio) realizou-se em Ponta Delgada as Jornadas PLESCAMAC, (Plano de Emergência Sanitária em caso de Catástrofe na Macaronésia).
Nestas Jornadas tiveram os presentes a oportunidade de ouvir vários especialistas em medicina de catástrofe, responsáveis por Serviços de Protecção Civil de nível Regional e Municipal, tanto dos Açores com da Madeira e das Canárias e ainda operacionais de Serviços Militares e de operacionais civis em contingentes militares no estrangeiro.
Também foram apresentadas comunicações elaboradas por especialistas dos Açores, relativas a vários estudos, sobre algumas zonas de risco, existentes nas nossas ilhas. Destas comunicações relevam-se as recomendações técnicas apresentadas.
Foi interessante verificar que muitos dos palestrantes invocaram o caso da Povoação, confirmando as minhas maiores preocupações que, de há muito, já existem.
É que nos estudos sobre os riscos existe uma variável, chamada de período de retorno, que significa a periodicidade com que acontecem determinadas situações de catástrofe, ou seja, quanto maior for o registo de certos acontecimentos, maior é o risco de eles voltarem a acontecer.
Desta forma o Concelho da Povoação tem registo de situações de Acidentes Graves em 1439, em 1522 (epicentro Vila Franca, mas que atingiu fortemente o Concelho da Povoação), por volta de 1900 e a partir de 1986 todos nós sabemos das repetidas situações que nos bateram à porta.
Relembro as situações que aconteceram que, aliás não deviam ser esquecidas, tanto pelos responsáveis como pela população:
1. 1986- Cheias torrenciais que atingiram a Vila da Povoação, a Freguesia do Faial da Terra e parte da Freguesia da Ribeira Quente.
2. 1995- Deslocamento massivo de terras na zona do Fojo nas Furnas.
3. 1996- Cheias torrenciais que atingiram as Freguesias das Furnas, Ribeira Quente, Faial da Terra e a Vila da Povoação.
4. 1996- Estas cheias repetiram-se por três vezes, embora com menor intensidade.
5. 1997- Deslocamento massivo de terras na Ribeira Quente, donde resultou a morte de 29 pessoas.
Desta forma, uma coisa que não devemos fazer é simplesmente esperar que a próxima situação aconteça. Por isso, necessário se torna prevenir para que os danos sejam os mínimos possíveis.
O projecto integrado de prevenção das cheias, deve ser implementado no Concelho, tal como já o foi em outros países da Europa.
Mas a prevenção também depende de todos nós e sobretudo dos responsáveis municipais pela Protecção Civil.
Vivemos em ilhas que têm tanto de belo como de situações de risco, devendo por isso ter consciência do risco permanente, como deslocamento de terras, cheias torrenciais, sismos ou vulcões.