segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Seara Verde 21/02/2009

A PALAVRA…
Hoje em dia, é comum ouvir-se que a palavra já não é o que era. E talvez por isso, cada vez mais preferimos o escrito preto no branco, desacreditando a honradez da palavra.
E, mesmo assim, mesmo quando as coisas estão escritas, preto no branco, nem sempre se pode já confiar.
Vem isto a propósito das instituições do nosso Concelho que só podem sobreviver com apoios públicos e com o voluntarismo dos seus participantes e dirigentes que não auferem qualquer remuneração pelo exercício da sua actividade. E, quando esses apoios públicos não surgem, apesar de escritos, ou protocolados, seria bom que houvesse a consciência que se está a colocar em dificuldade o normal funcionamento destas mesmas instituições.
Devia fazer pensar que num Concelho como o nosso, onde existiram, entre outras, 5 Filarmónicas, 5 Grupos Folclóricos, Grupos de Violas e Tuna de Bandolins, 2 Clubes de Futebol, restem hoje bem poucas dessas instituições.
E mesmo as que se mantêm, vivem com muitas dificuldades, devido à falta dos tais apoios públicos adequados à evolução dos tempos, definida sobretudo pelo grau de motivação para a participação dos jovens que garantem o futuro destas mesmas instituições.
No caso das Instituições como as Filarmónicas, os Grupos Folclóricos, ou os Grupos de Teatro, os investimentos de maior vulto fazem-se durante o inverno, em época de defeso de receitas e de preparação para a execução das suas representações. Ora, se durante este período de investimento na preparação que é simultaneamente a época de menor arrecadação de receitas próprias, as entidades públicas não cumprirem com o protocolado, dificilmente estas instituições poderão evoluir, ou, ao menos, garantir as portas abertas.
Muitos poderão pensar que estes apoios serão um custo exorbitante, ou uma despesa desnecessária. Ao contrário desses que julgo serem poucos, sou de opinião que estes apoios devem ser considerados um investimento importante. Apoiar estas instituições, é investir no futuro dos nossos jovens, é contribuir para modos de vida saudáveis, é prepará-los para a cidadania activa.
Acredito que se tivermos esta mentalidade, estaremos a construir uma melhor sociedade e daqui a algum tempo estaremos a usufruir dos benefícios que advirão para todos.
Quando ouço pais queixarem-se que os seus filhos passam muito tempo no computador, ou a ver Televisão, fico preocupado. E nestas situações, mais lembra a ocupação dos tempos livres, através da prática desportiva ou da educação musical. Investir em saudáveis ocupações dos tempos livres dos jovens nas Filarmónicas, na Academia de Música, nos Grupos Folclóricos, nos Grupos de Futebol, nos Bombeiros e em tantas outras actividades é um investimento lucrativo para todas as Freguesias do nosso Concelho.
Qualquer responsável político do nosso Concelho tem a obrigação de estar preocupado diariamente na preservação destas instituições que durante anos, algumas até centenárias, tem dado o seu contributo para proporcionar melhor desenvolvimento às populações do Concelho e das suas Freguesias.
Devem também os responsáveis políticos do Concelho da Povoação tratar de forma equitativa estas instituições e obrigatoriamente regulamentar e fazer cumprir os apoios concedidos às instituições.
Mas, acima de tudo, requer-se a honradez da palavra, permitindo-se que o futuro seja salvaguardado e que as instituições do Concelho da Povoação tenham a dignidade e o respeito pelo trabalho que durante todos estes anos tem vindo a desenvolver.
André Ávila